quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A misteriosa história do brasileiro que fundou o Facebook

EA misteriosa história do brasileiro que fundou o Facebookle chegou perto da fama e da fortuna. Mas Mark Zuckerberg o tirou da jogada
Era 20 de fevereiro de 2005. O moleque sorridente na foto, dono do apartamento, estava prestes a completar 23 anos. Seu nome: Eduardo Saverin. Brasileiro, ele cursava o último ano de economia em Harvard. E um ano antes havia fundado o site que viria a se chamar Facebook.
Peraí. Facebook? Como você nunca soube desse cara antes? Até pouco tempo atrás, a história estava mesmo esquecida. O Facebook nasceu em 2004 num dormitório de Harvard. Virou a maior rede social do planeta. Ultrapassou os 250 milhões de usuários, o que o tornaria o 4º maior país no mundo. Em um ponto dessa trajetória, Eduardo desapareceu dos anais do Facebook. Desentendeu-se com Mark Zuckerberg, o nerd fundador oficial da rede. Perdeu um amigo. E a chance de levar uma bolada - Mark está bilionário.
O que tirou Eduardo do limbo foi o livro The Accidental Billionaires: The Founding of Facebook - A Tale of Sex, Money, Genius and Betrayal (algo como "Bilionários por Acidente: A Criação do Facebook - Uma História de Sexo, Dinheiro, Genialidade e Traição"). Lançado em julho nos EUA, o livro conta os bastidores do Facebook com base em depoimentos do brasileiro. Mas a obra fez muita gente torcer o nariz - como o próprio Mark Zuckerberg: "Pelo que ouvi, há coisas ridículas. É um livro ficcional", disse em entrevistas. Ele pode ter razão. O próprio autor da obra, o americano Ben Mezrich, assume que costuma acrescentar um temperinho (traduzindo: exagerar) para que suas tramas fiquem mais interessantes.
Talvez por isso Eduardo esteja fugindo de entrevistas sobre o assunto. Ou talvez por causa da batalha judicial que ele travou contra os ex-companheiros. Seja como for, a SUPER foi atrás da história para descobrir quem é o brasileiro chutado por Mark Zuckerberg - e qual o verdadeiro papel dele no Facebook.
A amizade
A vida em Harvard começou para Eduardo em 2001. A amizade com Mark, dois anos depois, em um coquetel de fraternidade. Eles tinham suas afinidades. Ambos vinham de famílias judias. E ambos eram o estereótipo do termo "nerd".
Eduardo estudava economia e trabalhava como assistente de curso no Departamento de Matemática, uma espécie de professor-assistente, que corrige notas e passa tarefas. Mais tarde, virou presidente da Harvard Investment Association, um clube dedicado a ensinar alunos a fazer investimentos. Ele chamava a atenção entre os estudantes por ter ganho US$ 300 mil comprando e vendendo contratos de petróleo, de acordo com Mezrich. E teria passado por um ritual digno das comédias mais toscas pra ser aceito em uma fraternidade: teve a missão de cuidar de uma galinha durante alguns dias. Levava a penosa para as aulas, a alimentava e até dormia com ela. Já Mark, aluno de computação, era um gênio da programação desde o berço. Tinha criado um software chamado Synapse, que permitia a tocadores de mp3 reconhecer as preferências do usuário e criar playlists personalizadas. Foi assim que a dupla colocou seus diferentes talentos - um para os negócios, outro para a programação - no mesmo projeto.
O negócio
O thefacebook - nome inicial do Facebook - nasceu como uma rede social para alunos de Harvard. Na verdade, como versão politicamente correta de um site que deu o que falar: o Facemash, que exibia fotos das alunas de Harvard e permitia uma eleição online das mais bonitas. Mas a gritaria de meninas ofendidas obrigou Mark a deixar o site mais comportado.
Com o projeto do thefacebook na cabeça, Mark teria convidado Eduardo a participar. Com grana. O site precisava de dinheiro para os servidores e para ser publicado. "Eduardo concordou em colocar US$ 1 000 do próprio bolso como capital inicial do negócio", afirma uma edição de fevereiro de 2004 do Harvard Crimson. "Ele e Mark avaliam que o dinheiro dará para uns dois meses de operação." Segundo Ben Mezrich, Mark sugeriu que a empresa fosse dividida assim: 30% das ações para Eduardo e 70% para si mesmo, que era o inventor da coisa. Eduardo cuidaria dos negócios. Mark, da programação e da criação de aplicativos.
O site começou a funcionar em fevereiro de 2004. E foi um sucesso imediato. Do dia para a noite, o Facebook virou febre entre os alunos da faculdade. E ajudou a resolver um problema que tanto Eduardo quanto Mark tinham: conhecer garotas. Pelo menos é o que conta Mezrich. Em uma das passagens do livro, a dupla conheceu duas garotas durante uma palestra de Bill Gates em Harvard. "Esse seu amigo não é o cara do Facebook?", teria perguntado uma delas para Eduardo. "Sim, o Facebook é meu e dele." Depois da palestra, Eduardo e Mark teriam passado a noite com as garotas no banheiro masculino de um dos dormitórios da universidade (em cabines separadas, que fique claro).
A vingança
Era o fim da parceria. E o começo de uma guerra na Justiça. Eduardo alegou ter sido "induzido de forma fraudulenta a assinar um acordo sobre sua participação no Facebook", diz um relatório da Compass Lexecon, consultoria econômica americana que ajudou na defesa do Facebook no caso. O processo acabou em acordo. O nome de Eduardo finalmente apareceu no site do Facebook entre os dos fundadores da empresa. E ele ganhou uma quantia não revelada.
Hoje Eduardo tocou o barco. Em 2008, fundou com outro veterano de Harvard a Firefly Health, uma rede social para pessoas com doenças crônicas em busca de especialistas. Se é que o Facebook deixou algum trauma, Eduardo não perdeu o espírito empreendedor. E nem a chance de fincar a bandeira brasileira num dos maiores fenômenos da internet.

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